De todas as medidas
que tomei para reduzir os meus custos mensais, comprar mota foi, de longe, a que
mais impacto teve nas minhas finanças.
Já ando de mota desde
2003. Na época, deixei de ter um ordenado decente para passar a estagiária e a
ganhar como tal. Com uma redução de cerca de 60% do vencimento mensal, foi
preciso ser criativa para manter um estilo de vida parecido com o qual estava acostumada.
O meu meio de transporte privilegiado até então era o automóvel. Perder horas no trânsito, gastar uma pequena fortuna em gasolina, parquímetros, multas e bloqueadores faziam parte da minha rotina diária.
Havia maiores preconceitos contra
as motas . E mulher de mota então, nem se fala (há
muito provinciano por essa cidade fora!). Para além dos olhares reprovadores, ouvi
muitas frases do género: “És
completamente louca”, “Vais ter acidente”,
“Raparigas de boas famílias não andam de
mota”, “Isso é meio de transporte para
gente pouco recomendável” e por aí …
Factor determinante
para vencer o preconceito foi uma visita a Roma no Verão de 2003. Dei de caras com
um “enxame” de Vespas por toda a
cidade (cenário que se repetiu em Milão e Florença). O que mais me fascinou foi
ver que mesmo as mulheres de negócios, hiper chic, de saia travada e stilletto, não prescindiam da sua Vespa para
se deslocar dentro da cidade.
Pensei para comigo: why the hell not???
Facto incontornável
era a falta de dinheiro para o luxo de andar de carro todos os dias. Além do custo do
combustível , a Emel estava a aparecer
em força nas ruas da cidade, multando e bloqueando tudo o que mexesse. E,
sinceramente, não me apetecia andar de transportes públicos.
Ao contrário do que se possa pensar, o clima nunca foi impedimento para andar de mota. Na verdade, poucos são os dias no ano (diria que não chegam a uma semana por ano) em que a meteorologia me impede de utilizar a mota.
Já nem falo nas outras
vantagens óbvias. Chegar a tempo e horas a todo o lado e de não perder a
sanidade mental no trânsito ou à procura de um lugar de estacionamento são as
mais evidentes.
Mas vamos a contas
que é o que interessa. O investimento inicial foi de cerca de 1800 euros para
comprar uma scooter nova (hoje continuam a existir opções abaixo dos 2000 euros). Optei por
um modelo de 110 cm3 para poder passar a ponte e andar na auto-estrada. Não
sendo a máquina mais potente,
adequa-se perfeitamente ao trânsito citadino.
Os consumos de combustível
são na ordem dos 2,5 litros. Eu gasto uma média de 10 euros/mês em combustível.
O seguro, infelizmente, não é tão barato quanto se desejaria, mas mesmo assim situa-se
nos 11 euros / mês.
Ora, admitindo que a
alternativa mais barata é o transporte público e que o respectivo passe da Carris
e Metro custa, no mínimo, 35 euros por mês… do
the math yourself.
Ao fim de 10 anos a
andar de mota, continuo tão convicta da minha opção quanto no primeiro dia.
Essas contas são fantásticas! Eu não tenho coragem de andar de mota. Agora ando muito mais a pé e de transportes. Antes fazia quase tudo de carro. Sou de uma geração em que os adolescente tinham motas e conheci muita gente que teve acidentes (uns por inconsciências e outros sem culpa nehuma). Mas sem dúvida é uma boa solução. Na Primavera e Verão deve ser óptimo, fantástico.
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